
Com mais de 30 Boletins de Ocorrência (B.Os) registrados nos
últimos quinze dias, o titular da Delegacia de Defraudações e
Falsificações (DDF), delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, já iniciou as
investigações sobre a fraude
FOTO: HELENE SANTOS
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Defraudações e Falsificações
(DDF), iniciou uma investigação sobre fraudes no cadastro do Programa do
Governo Federal Microempreendedor Individual (MEI). Somente nos últimos
quinze dias, 32 pessoas procuraram a DDF para denunciar que constavam
como proprietárias de microempresas sediadas em outros Estados e
receberam carnês com mensalidades de aproximadamente R$ 45, referente a
taxas de recolhimento de INSS e outros serviços, mas elas não fizeram
nenhum cadastro para formalização de microempresas.
O titular da DDF, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, explicou que os
fraudadores se apropriaram dos dados das vítimas, entraram no Portal do
Empreendedor, do Governo Federal, e inseriram informações como número
de Cadastro de Pessoa Física (F) e data da nascimento, e deram
prosseguimento ao cadastro fraudulento.
Linhares explicou como funciona o golpe. "Quando eles concluem todo o
processo, recebem um número de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica) e estão livres para contraírem empréstimos, abrirem contas,
solicitarem cartões de crédito. Isso tudo, utilizando o nome de uma
pessoa inocente que teve seus dados usados de forma ilegal. Quando uma
empresa fica suja no mercado, eles partem para outra, que foi aberta da
mesma maneira", destacou.
Na última semana, o delegado disse ter estranhado a quantidade de
pessoas prestando Boletim de Ocorrência (B.O) e foi verificar o que se
tratava. "Eles chegavam aqui com o chamado Carnê da Cidadania que
continha o nome deles e informavam que tinham recebido em casa pelo
Correios, mas os nomes das empresas e os endereços eram de lugares como
Vila Cruzeiro, em São Paulo, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro e
Teresina, no Piauí. Temos empresas com endereços aqui em Fortaleza. Já
as vítimas residem em vários bairros da periferia de Fortaleza, como
Planalto Ayrton Senna (Pantanal) e Granja Portugal, por exemplo",
salientou o titular da DDF.
Um dos problemas que as pessoas que tiveram os dados usados de forma
fraudulenta enfrentam é a inclusão no nome deles nas listas de
inadimplentes. "Muitos desses que estiveram aqui e fizeram a denúncia
relataram que estão com o nome no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e
no Serasa", disse.
Após verificar a forma como o cadastro é feito no Portal do
Empreendedor, Linhares destacou a fragilidade do processo. "Se você
analisar, o mundo virtual é muito mais aberto para as fraudes do que o
mundo real. Hoje, o fraudador está encontrando uma verdadeira gama de
oportunidades para aplicar as fraudes".
De acordo com o delegado, o fraudador não está interessado em fazer
aplicar esse golpe usando os nomes de outras pessoas porque o cadastro
dele está negativado, pois se esse fosse o real motivo ocorreriam casos
isolados e não o número crescente como o verificado na DDF. "Se não
fosse para fraude, porque utilizar o nome de pessoas estranhas", indagou
Linhares.
O pior cenário, conforme as investigações da Polícia, é que o alcance
do golpe ainda não pode ser estipulado e os valores obtidos pelos
fraudadores é incerto. O titular da DDF analisa se o caso continuará a
ser investigado pela Polícia Civil. "Você tem uma fraude em um programa
do Governo Federal. Então, essa fraude no o do MEI, entendo, em
primeira vista, ser de competência da Polícia Federal, mas se ele
utilizou indevidamente nomes de pessoas para abrir contas em banco,
temos a competência estadual", destacou. A Polícia Civil não acredita
que o o aos nomes das vítimas ocorreu em Fortaleza. "Solicitamos ao
Portal o IP de quem ou, identificamos o domínio, pedimos a quebra
do sigilo, chegamos a um nome, mas essa pessoa não existe porque o
cadastro também é falso. O fraudador se aproveita até da complexidade da
investigação. Enquanto estamos fazendo essa perseguição, ele já abriu a
conta, recebeu empréstimos, entre outras coisas".
Portal
A reportagem ou o Portal do Empreendedor e encontrou informações
que indicam mostra a "facilidade" do processo de inscrição. "Após o
cadastramento do Microempreendedor Individual, o CNPJ e o número de
inscrição na Junta Comercial são obtidos imediatamente, não sendo
necessário encaminhar nenhum documento (e nem sua cópia anexada) à Junta
Comercial". Por meio da Assessoria de Imprensa, a Secretaria da Micro e
Pequena Empresa do Governo Federal informou que não tem notícia de
nenhum tipo de fraude nos cadastros, e precisaria dos dados das vítimas
para fazer uma auditoria e verificar o que pode ter ocorrido. A
Instituição disse que é importante que as pessoas que se sentiram
prejudicadas procurem a Polícia.
"Recomendamos que todos que querem se cadastrar no programa procurem o
portal oficial do microempreendedor e não forneçam seus dados em
qualquer site. Também é importante que as pessoas não reem números
de documentos pessoais para que outros façam o cadastro. Nosso sistema é
seguro, mas infelizmente tudo o que está disponível virtualmente está
sujeito a fraudes". A Secretaria de Micro Empreendedor disse que tem
mais de cinco milhões de pessoas cadastradas no Programa, em todo o
Brasil, e nenhum golpe havia sido confirmado até agora.
FIQUE POR DENTRO
Lei Federal facilita fim da informalidade
A Lei Complementar nº 128, de 19/12/2008, criou condições para que o
trabalhador informal se torne um Microempreendedor Individual (MEI) que é
a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como pequeno
empresário. Para ser um MEI é necessário faturar no máximo R$ 60 mil por
ano e não ser sócio de outra empresa. O MEI também pode ser empregado
que receba salário mínimo ou o piso da categoria. Entre as vantagens
está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ),
facilitando a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a
emissão de notas fiscais.
Emerson rodrigues
Editor de polícia
Fonte:http://maltapbnoticias-blogspot.noticiasdaparaiba.com/